terça-feira, 27 de outubro de 2009

Letramento

Letramento, segundo Magda Soares

Um texto da professora Magda Becker Soares, que fala sobre as diferenças entre letramento e alfabetização. Ela destaca a importância do aluno ser alfabetizado em um contexto onde leitura e escrita tenham sentido. Publicado no jornal Diário do Grande ABC em 29 de agosto de 2003.
Letrar é mais que alfabetizar, é ensinar a ler e escrever dentro de um contexto onde a escrita e a leitura tenham sentido e façam parte da vida do aluno. Magda Becker Soares, professora titular da Faculdade de Educação da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e doutora em educação, explica que ao olharmos historicamente para as últimas décadas, poderemos observar que o termo alfabetização, sempre entendido de uma forma restrita como aprendizagem do sistema da escrita, foi ampliado. Já não basta aprender a ler e escrever, é necessário mais que isso para ir além da alfabetização funcional (denominação dada às pessoas que foram alfabetizadas, mas não sabem fazer uso da leitura e da escrita). O sentido ampliado da alfabetização, o letramento, de acordo com Magda, designa práticas de leitura e escrita. A entrada da pessoa no mundo da escrita se dá pela aprendizagem de toda a complexa tecnologia envolvida no aprendizado do ato de ler e escrever. Além disso, o aluno precisa saber fazer uso e envolver-se nas atividades de leitura e escrita. Ou seja, para entrar nesse universo do letramento, ele precisa apropriar-se do hábito de buscar um jornal para ler, de frequentar revistarias, livrarias, e com esse convívio efetivo com a leitura, apropriar-se do sistema de escrita. Afinal, a professora defende que, para a adaptação adequada ao ato de ler e escrever, “é preciso compreender, inserir-se, avaliar, apreciar a escrita e a leitura”. O letramento compreende tanto a apropriação das técnicas para a alfabetização quanto esse aspecto de convívio e hábito de utilização da leitura e da escrita.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Relato de experiências - Gêneros textuais

TP 3 – Unidade 9

Gêneros textuais – Do intuitivo ao sistematizado

Avançando na prática – Autobiografia ( Pág. 25)

RELATO DE EXPERIÊNCIA

Professora Vera

É bastante difícil falar de nós mesmos, principalmente se este alguém é adolescente sem muita vivência e com uma timidez característica da idade. Construir uma autobiografia em sala de aula significa, antes de tudo, conhecer sua história pessoal (com qualidades e defeitos), fazer escolhas e expor-se para a turma da escola. È uma tarefa repudiada pela maioria. Necessário então, antecipadamente seduzir os alunos/ escritores para o ato de escrever, através de exemplificações de biografias diversas de personalidades conhecidas, ou até mesmo com outros artifícios, como fotos e poemas, capazes de despertar o emocional e a curiosidade. Acima de tudo, é fazê-los perceber que seus registros particulares também interessam a outros leitores/ouvintes, devem e podem ser elementos na construção da identidade coletiva da turma.

Assim, buscando instigá-los ao exercício, ao iniciar esta atividade na turma de 9º ano, utilizei primeiramente a foto do autor Carlos Drummond de Andrade (anexo 2) e perguntei aos alunos quem era a pessoa da foto e o que já ouviram falar dela. Surgiram várias respostas desencontradas, mas um número expressivo de alunos soube identificá-lo como um escritor (“estava no outro livro de português”), apenas três souberam definir o nome e outros detalhes.

Em seguida coloquei no quadro uma cartolina com o poema “Quadrilha”, do mesmo autor, mostrei qual era o estilo (poesia) que o fez ser tão conhecido na área literária. Lemos a poesia , a maioria dos alunos a conheciam, mas não sabiam qual era o autor. Em seguida entreguei cópias de duas versões de biografias de Drummond, leram em duplas e ao final comentamos os dados lidos. Indaguei que gênero de texto era aquele e alguns indicaram que “era uma biografia, porque falava da vida de uma pessoa”.

Voltei à poesia “Quadrilha” e perguntei-lhes se aquele texto também era biográfico , já que falava da vida de várias pessoas, a partir das respostas dadas listei no quadro os itens que compõem uma biografia e chegaram a conclusão que o texto era poético e não tinha elementos substanciais para ser caracterizado como biografia. Debatemos rapidamente sobre a função da biografia e informações nelas contidas, bem como chegaram ao entendimento do que seria uma “autobiografia”.

Por fim, cada aluno elaborou a autobiografia , fizemos a leitura das mesmas, debatemos semelhanças e diferenças. Entregaram-me os textos, para que eu fizesse as devidas correções. Posteriormente farão a reescrita nos respectivos cadernos corrigindo as falhas apresentadas. A aula foi bastante proveitosa e participativa.


ANEXO 1

PLANEJAMENTO

· Assunto: Gêneros textuais / Biografia e Autobiografia

· Objetivo geral: Reconhecer e utilizar o gênero textual “ biografia “.

· Objetivos específicos:

o Compreender a estrutura e os elementos que compõem a biografia /autobiografia;

o Perceber a função social dos gêneros ( biografia);

o Exercitar habilidades de escrita e leitura biográfica num determinado contexto sócio-comunicativo;

o Utilizar as autobiografias dos alunos como elemento de interação da turma e valorização individual.

· A situação desencadeadora:

o Observação da fotografia Carlos Drummond de Andrade e da poesia “Quadrilha” do mesmo autor .

· As questões problematizadoras, visando o levantamento de conhecimentos prévios dos alunos:

o Reconhecem a foto ou o autor do poema? O que já ouviram falar da história desta pessoa?

o Como chamamos este gênero de texto?

o Quadrilha também pertence a este gênero?

o Após ler a Biografia de Drummond ( 2 versões distintas) quais informações você considera fundamentais em um texto biográfico?

o Afinal, o que é mesmo uma biografia?

o Para que serve uma biografia?


· Procedimentos

Nº de Aulas

Estratégias

Recursos

1 Aula

· Observação da foto e poesia do Drummond

· Levantamento das questões problematizadoras

(Anotação das respostas no quadro-negro)

· Leitura de biografia do Drummond (2 versões)

· Comparação das respostas dadas pelos alunos com o texto lido.

· Cópia da foto de Drummond

· Cartolina /poesia

· Cópias da biografia

1 Aula

· Construção de autobiografia ( individual)

· Leitura coletiva dos textos construídos

· Recolhimento dos textos para correção.

· Comentários.

· Papel oficio ou pautado

Extra-classe: Após a correção do professor, na próxima aula, o aluno recebe o texto de volta e faz (em casa) a reescrita no caderno.


ANEXO 3

Quadrilha

João amava Teresa que amava Raimundo

que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili

que não amava ninguém.

João foi para o Estados Unidos,Teresa para o convento,

Raimundo morreu de desastre,Maria ficou para tia,

Joaquim suicidou-se e Lili casou com J.Pinto Fernandes

que não tinha entrado na história.

Carlos Drummond de Andrade.

ANEXO 4

Biografias de Carlos Drummond de Andrade

Biografia 1

Nasceu em Minas Gerais, em uma cidade cuja memória viria a permear parte de sua obra, Itabira. Posteriormente, foi estudar em Belo Horizonte e Nova Friburgo com os Jesuítas no colégio Anchieta. Formado em farmácia, com Emílio Moura e outros companheiros, fundou "A Revista", para divulgar o modernismo no Brasil. Durante a maior parte da vida foi funcionário público, embora tenha começado a escrever cedo e prosseguido até seu falecimento, que se deu em 1987 no Rio de Janeiro, doze dias após a morte de sua única filha, a escritora Maria Julieta Drummond de Andrade.[1] Além de poesia, produziu livros infantis, contos e crônicas.

(site www.wikipédia.org)

Biografia 2

BIOGRAFIA, OBRAS E ESTILO LITERÁRIO

Este consagrado poeta brasileiro nasceu em Itabira, Minas Gerais no ano de 1902. Tornou-se, pelo conjunto de sua obra, um dos principais representantes da literatura brasileira do século XX. Concretizou seus estudos em Belo Horizonte, e, neste mesmo local, deu início a sua carreira de redator, na imprensa. Seus poemas abordam assuntos do dia a dia, e contam com uma boa dose de pessimismo e ironia diante da vida. Em suas obras, há ainda uma permanente ligação com o meio e obras politizadas. Além das poesias, escreveu diversas crônicas e contos.Os principais temas retratados nas poesias de Drummond são: conflito social, a família e os amigos, a existência humana, a visão sarcástica do mundo e das pessoas e as lembranças da terra natal. Dentre suas obras poéticas mais importantes destacam-se: Brejo das Almas, Sentimento do Mundo, José, Lição de Coisas, Viola de Bolso, Claro Enigma, Fazendeiro do Ar, A Vida Passada a Limpo e Novos Poemas, Talentoso também na prosa, tem suas prosas reunidas nos seguintes volumes: Confissões de Minas, Contos de Aprendiz, Passeios na Ilha e Fala Amendoeira. Em 1980 lançou as seguintes obras: A Paixão Medida, que contém 28 poemas inéditos e A Falta que Ela me faz (crônicas e histórias).Faleceu em 17 de agosto de 1987, no Rio de Janeiro, doze dias após a morte de sua filha única.

(site: www.suapesquisa.com.br )